sábado, 12 de março de 2011

Espadinha

Tem gente que herda propriedades. Outros recebem de herança grandes somas de dinheiro. Outros, ainda, livros. Na minha família, deixamos plantas.

Minha avó materna, Cecília, contava que a espada-de-São-Jorge anã era a única lembrança que havia preservado de sua mãe, a italiana Ângela.

Quando Cecília faleceu, em 2008, entre seus poucos pertences havia um vaso repleto de mudas desta plantinha. Minha mãe, que me ensinou a amar plantas como se deve amar um ser que é vivo, me confiou o legado que está na família há quatro gerações.

Parece que estou me saindo bem na tarefa, o que atribuo à facilidade com que a mudinha vive e se multiplica. Aliás, ela é perfeita para forrações, mas também fica muito atraente em vasinhos pequenos e delicados, até porque vai bem em interiores.

Outro dia me peguei pensando no significado simbólico desta herança. De alguma maneira, é uma lembrança de que é preciso ter alma de guerreiro para levar a vida com a dignidade que ela merece. Mas as formas arredondadas da espadinha também lembram que a vida pede doçura. Como diria Che Guevara, "Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás."

Monica Martinez
Foto: Eugenio Menezes

Ficha técnica

Família: Angiospermae - Ruscaceae.
Altura: 15-20cm.
Ambiente: meia-sombra (as folhas ficam mais verdinhas) ou pleno sol.
Solo: Terra fértil e permeável.
Clima: Tropical. Planta rústica que resiste bem à seca.
Origem: África.
Época de Floração: As variedades anãs não costumam florescer.
Propagação: Multiplica-se por separação das brotações laterais da planta.